por Priscilla Melo Ribeiro de Lima O Silmarillion, escrito por Tolkien e publicado após sua morte, traz em seu escopo diversas histórias que vão se entranhando e se articulando. Desde o relato da criação da Terra por Ilúvatar, até sua quase completa devastação promovida por Melkor/Morgoth. Nessa saga dos primórdios da criação do mundo e … Continue lendo O Silmarillion – esperança e resistência em meio às trevas
Eu
por Florbela Espanca Eu sou a que no mundo anda perdida, Eu sou a que na vida não tem norte, Sou a irmã do Sonho, e desta sorte Sou a crucificada... a dolorida... Sombra de névoa tênue e esvaecida, E que o destino amargo, triste e forte, Impele brutalmente para a morte! Alma de luto … Continue lendo Eu
O operário em construção
por Vinicius de Moraes E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo: - Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu. E … Continue lendo O operário em construção
Pra não dizer que não falei das flores
por Geraldo Vandré Caminhando e cantando E seguindo a canção Somos todos iguais Braços dados ou não Nas escolas, nas ruas Campos, construções Caminhando e cantando E seguindo a canção Vem, vamos embora Que esperar não é saber Quem sabe faz a hora Não espera acontecer Pelos campos há fome Em grandes plantações Pelas ruas … Continue lendo Pra não dizer que não falei das flores
Apesar de você
por Chico Buarque Hoje você é quem manda Falou, tá falado Não tem discussão, não A minha gente hoje anda Falando de lado E olhando pro chão, viu Você que inventou esse estado E inventou de inventar Toda a escuridão Você que inventou o pecado Esqueceu-se de inventar O perdão Apesar de você Amanhã há … Continue lendo Apesar de você
Elogio da sombra
por Jorge Luis Borges A velhice (tal é o nome que os outros lhe dão) pode ser o tempo de nossa felicidade. O animal morreu ou quase morreu. Restam o homem e sua alma. Vivo entre formas luminosas e vagas que não são ainda a escuridão. Buenos Aires, que antes se espalhava em subúrbios em … Continue lendo Elogio da sombra
O maldoso gavião
por Ana Gabriela Lima Eu gostei muito de trazer minha redação escolar aqui da última vez, então aqui está outra proposta de redação que eu fiz e gostei do resultado. A proposta era fazermos uma fábula, com a moral da história sendo “Quem planta limão, não colhe laranja”. Eu fiz sobre um gavião... O maldoso … Continue lendo O maldoso gavião
Retrato de família
por Carlos Drummond de Andrade Este retrato de família está um tanto empoeirado. Já não se vê no rosto do pai quanto dinheiro ele ganhou. Nas mãos dos tios não se percebem as viagens que ambos fizeram. A avó ficou lisa e amarela, sem memórias da monarquia. Os meninos, como estão mudados. O rosto … Continue lendo Retrato de família
A placa que ignorei
por Ana Gabriela Lima Essa é apenas uma narração, um conto que tive que escrever para a escola, desenvolvendo a história em torno de uma placa dizendo: “Perigo! Volte!”. Sem objetivo, ou moral da história, ou ensinamento, decidi postar por ter gostado muito. Espero que também gostem. Eu tinha 27 anos. Ainda era nova, … Continue lendo A placa que ignorei
O outro
por Jorge Luis Borges O fato ocorreu no mês de fevereiro de 1969, ao norte de Boston, em Cambridge. Não o escrevi imediatamente, porque meu primeiro propósito foi esquecê-lo para não perder a razão. Agora, em 1972, penso que, se o escrevo, os outros o lerão como um conto e, com os anos, o será … Continue lendo O outro
Autorretrato
por Carlos Heitor Cony Até hoje, quando me olho ao espelho, fico assombrado. Então, eu sou aquilo que aparece escovando os dentes, fazendo a barba, verificando o estrago do tempo nos olhos? Sempre fui assim? Ou fui pior ou melhor? Quando escovo os dentes, por exemplo, sinto o gosto da infância que nunca foi embora, … Continue lendo Autorretrato
Titanomaquia – a origem dos deuses olimpianos
por Ana Gabriela Lima Vou falar sobre o início; sobre o surgimento dos deuses, como os primeiros nasceram. O surgimento dos deuses não citados aqui, será feito em outros textos. No início de tudo, não havia quase nada, apenas uma mistura de tudo no Universo. Então os deuses primordiais (que não são os deuses que … Continue lendo Titanomaquia – a origem dos deuses olimpianos
Sinal Fechado
por Paulinho da Viola Olá, como vai ? Eu vou indo e você, tudo bem ? Tudo bem eu vou indo correndo Pegar meu lugar no futuro, e você ? Tudo bem, eu vou indo em busca De um sono tranquilo, quem sabe ... Quanto tempo... pois é... Quanto tempo... Me perdoe a pressa É … Continue lendo Sinal Fechado
O velho
por Chico Buarque (1968) O velho sem conselhos De joelhos De partida Carrega com certeza Todo o peso Da sua vida Então eu lhe pergunto pelo amor A vida inteira, diz que se guardou Do carnaval, da brincadeira Que ele não brincou Me diga agora O que é que eu digo ao povo O que … Continue lendo O velho
Não, não é cansaço…
por Álvaro de Campos Não, não é cansaço... É uma quantidade de desilusão Que se me entranha na espécie de pensar, É um domingo às avessas Do sentimento, Um feriado passado no abismo... Não, cansaço não é... É eu estar existindo E também o mundo, Com tudo aquilo que contém, Com tudo aquilo que nele … Continue lendo Não, não é cansaço…
O Pomo de Ouro
por Ana Gabriela Lima Desde os primeiros anos da década de 1100, a caça ao ‘Pomorim Dourado’ ganhou grande popularidade no mundo bruxo. Este foi o passarinho que deu origem ao ‘pomo de ouro’. Porém, este pássaro só foi chegar ao Quadribol em um jogo de 1269, numa partida onde o próprio presidente do Conselho … Continue lendo O Pomo de Ouro
‘J. R. R. Tolkien – senhor da fantasia’: ressalvas
por Priscilla Lima Publicada originalmente em 2001 na Inglaterra, a biografia “J. R. R. Tolkien, o senhor da fantasia” (“Tolkien: a biography”, no original) foi publicada, no Brasil, em 2013 pela editora Darkside. Essa editora nasceu em 2012 com o objetivo de alcançar um nicho ainda pouco investido no Brasil – o do terror e … Continue lendo ‘J. R. R. Tolkien – senhor da fantasia’: ressalvas
Jane Austen, as mulheres e eu
por Priscilla Lima Li “Orgulho e preconceito” e “Razão e sensibilidade” no início dos anos 2000 quando chegava à vida adulta. Me apaixonei por Austen. Sua escrita é leve e fluida – não é à toa o fato de ser uma das escritoras imortais da literatura universal e um dos ícones da literatura e cultura … Continue lendo Jane Austen, as mulheres e eu
Casas de Hogwarts – Lufa-Lufa
por Ana Gabriela Lima Essa casa, como todas as outras (Grifinória, Sonserina e Corvinal), recebeu seu nome em homenagem ao seu fundador, neste caso, fundadora, Helga Hufflepuff. Esta mulher foi a fundadora da Lufa-Lufa, em inglês, Hufflepuff, em homenagem ao seu sobrenome. Helga valorizava, nos alunos de sua casa, a Lealdade, a Justiça, o Trabalho … Continue lendo Casas de Hogwarts – Lufa-Lufa
Morte, vida e morangos à beira do abismo
por Priscilla Lima Em julho de 2014, morria Rubem Alves, educador e escritor mineiro. Nascido em 1933, em Dores da Boa Esperança, sul de Minas Gerais, Rubem Alves se consolidou como crítico e teorizador da educação, escritor de fábulas infantis, e cronista com vasta produtividade, principalmente após os 60 anos de idade. Além disso, sua … Continue lendo Morte, vida e morangos à beira do abismo
Duplo angustiante de mim
por Priscilla Lima A questão do duplo, tão trabalhada na literatura universal, é fator fundante na nossa subjetividade. Moreno, psiquiatra e fundador do Psicodrama, afirma que já no começo da vida precisamos de um ‘ego auxiliar’ – uma espécie de ego duplicado do bebê – para que nos desenvolvamos e nos tornamos de fato ‘humanos’ … Continue lendo Duplo angustiante de mim
Ainda não…
por Priscilla Lima Em fins de maio desse ano, participei de uma banca de defesa de tese de doutorado que tratava da questão da ambivalência em alguns contos de Guimarães Rosa. A leitura e análise da tese me remeteu a algumas questões que compartilho aqui. Estudar questões essencialmente humanas a partir da literatura não é … Continue lendo Ainda não…
Cora e os becos de Goiás[i]
por Priscilla Lima Nos Poemas dos becos de Goiás, publicados em 1965, Coralina elege como tema personagens e paisagens totalmente esquecidas e silenciadas pela vida urbana. Os becos e seus objetos comuns são poetizados: Espólio da economia da cidade. Badulaques: Sapatos velhos. Velhas bacias. Velhos potes, panelas, balaios, gamelas, E outras furadas serventias Vêm dar … Continue lendo Cora e os becos de Goiás[i]
Do sofrimento se faz felicidade
por Priscilla Lima “A medida da vida”, biografia de Virginia Woolf de Herbert Marder, publicada pela Cosac Naify em 2011, é um livro primoroso. Assim como todos os livros da Cosac, o trabalho editorial ficou belíssimo. A capa, com uma foto do rosto de Virginia em tons esverdeados e cinza, possui um aspecto belo e … Continue lendo Do sofrimento se faz felicidade
Poiesis de si
Nesse primeiro post, gostaria de retratar algumas questões levantadas por Aristóteles em “Poética” e no livro VI de “Ética a Nicômaco”. Em sua análise acerca da poesia, Aristóteles ressalta que, diferentemente do historiador, o poeta imita a vida e imita ações. Assim, ao imitar a vida, sua função não é recontar o que aconteceu mas o que poderia acontecer, o que é possível. O poeta recria, dessa forma, a realidade e enuncia verdades universais. A poiesis – cujo sentido se assenta na criação e na fruição estética – aponta para um posteriori, mesmo se baseando em algo que já aconteceu. A elevação e a filosofia da poesia, apontadas por Aristóteles, se fazem presentes justamente na capacidade do escritor em transformar o passado e o presente em possibilidades de recriação do futuro (...)
De que são feitos os dias?
por Cecília Meireles De que são feitos os dias? - De pequenos desejos, vagarosas saudades, silenciosas lembranças. Entre mágoas sombrias, momentâneos lampejos: vagas felicidades, inatuais esperanças. De loucuras, de crimes, de pecados, de glórias, - do medo que encadeia todas essas mudanças. Dentro deles vivemos, dentro deles choramos, em duros desenlaces e em sinistras alianças... … Continue lendo De que são feitos os dias?
Seu último olhar
por Ana Gabriela Lima De repente, ouvimos uma explosão. Meu irmão já estava agitado, como se estivesse pensando “o que estou fazendo em casa?”. Nós sabíamos que era um grande perigo morarmos tão perto dos invasores. Mas era o que podíamos pagar. Já tínhamos perdido muito com a morte de papai, que era do exército. … Continue lendo Seu último olhar
Um sonho profundo
Sim, outra redação da escola... Ando gostando muito de trazer alguns temas para cá. Nessa o tema era O caminho encantado, tendo de ter na narração: uma caminhada encantada (proposta pelo tema) e um palhaço. Um sonho profundo Eu estava no começo de uma estrada deserta. O sol tinha acabado de nascer, o céu ainda … Continue lendo Um sonho profundo